terça-feira, 6 de março de 2012

SAUDADES DE MINAS GERAIS


Saudades das Minas, das montanhas gerais. Azuladas, horizonte largo, um sol que queima a pele. Saudades do piuí do trem, do uai, de gente de alma sincera.
Lá aprendi a ser quem sou, lá germinou em mim o que tenho de melhor. E às vezes aqui, tão longe das minhas raízes, penso que sou pela metade. Aqui minha vida, lá meu coração. Como posso viver dividida?
... Saudade dos amigos que se mudaram para tantos lugares que nem sei, das minhas ausências de medos, do cheiro de pão saindo do forno. Minas não é um estado, é um país inteiro dentro de mim. É um mundo cheio de diversidades, de sotaques, de maneirismos e mineirismos.
Tem gente que canta, compõe versos, faz serenatas! Minas não é algo que se traduza em palavras, traduz-se em gestos. Gestos fraternos, amigos, abraços, fogão a lenha, risadas, violão, café, pão de queijo e luas cheias.
Cada poro meu inspira o cheiro das montanhas azuladas. Minas da minha vida, um dia eu arrumo minha mala e volto pro seu seio. Mala vazia, peito cheio de esperanças de reencontrar a minha voz de adolescente que lá deixei um dia.
Sou pedra de minas, sem lapidar e vou me lapidando entre as esquinas da vida. Tenho mãos de pele fina, mas amo meu povo que trabalha o barro e sinto inveja das suas mãos calejadas. São mãos que transformam a ressequidão do vale do Jequitinhonha em obras de arte.
Artes que estão em galerias de todo o mundo e o povo nem sabe, nem se importa, continua amassando o barro, queimando a escultura e ganhando seu vintém.
Preciso ir, ah sim preciso, dar ao meu povo um pouco mais de mim, por que tudo que tenho no peito são canções que de lá eu trouxe.
Saudades Minas, um dia eu volto, volto sim. E aí, serei novamente inteira: copa e raízes juntas, fincadas nas terras das gerais, da minha doce Minas Gerais.
(Kátia Storch Moutinho)




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