terça-feira, 25 de agosto de 2015

A triste mania, de não se importar



         Tenho notado, com mais intensidade do que nunca, um estranho e pavoroso comportamento do “não se importar”. Me é estranho, pois minha índole me diz que, se estou em posição de ajudar o próximo, isso, então, me é um dever. E se não estou em posição de ajuda-lo, devo verificar como orientá-lo a encontrar ajuda.
Não sei se demorei a enxergar, ou se sempre esteve presente nos brasileiros esses comportamento mesquinho e egocêntrico do, “não é problema meu”, “não me importo”, e “que se dane o outro”...
          Na política (nem preciso me prolongar, nesse tópico), está mais do que evidente que, cada um quer sua fatia do bolo e a população que morra de fome, figurativamente falando. Quase todos os problemas do Brasil seriam resolvidos se a corrupção não existisse, assim, realmente teríamos recursos para serem investidos na educação, saúde, transporte, trabalho e assim por diante.
Ontem, ao assistir o jornal, um comentarista disse uma frase que fez todo sentido, tanto, que me chegou a doer perceber que era a realidade. Ele disse que os partidos políticos no Brasil, bem como os três poderes, estão cada um defendendo os seus interesses, mas que não há ninguém defendendo a população brasileira, atualmente. Foi tão triste perceber que isso é exatamente o que está acontecendo, tão triste saber que ele não inventou, ou exagerou!

            Esse comportamento mesquinho, egocêntrico, e desrespeitoso, não se resume apenas à política, isso é o que torna tudo mais triste. Nas instituições de ensino, quem deveria manter a ordem, o perfeito funcionamento e prezar pela qualidade do ensino, não dá o menor bom exemplo para as futuras gerações.  Tudo que se vê, é um profundo descaso com os alunos e professores. Não se leva em conta a qualidade de ensino, a necessidade de preparar bons profissionais e cidadãos, só se pensa no lucro, nos gastos (que na verdade deveriam ser considerados investimentos) que podem ser cortados, para que se tenha ainda mais lucro.
           O patrão quer explorar o empregado, comete irregularidades e ilegalidades, visando seu lucro. Às vezes dizem... “Ah, esse funcionário depende do trabalho, vai se sujeitar a qualquer coisa para não perder seu ganha pão.” Mas também tem o funcionário que se acha muito esperto, faz corpo mole, falsifica atestado médico, pede o colega para bater seu ponto, afinal... “vou me matar de trabalhar pra quê? Se não está satisfeito, que me mande embora. Melhor pra mim, que vou poder sacar meu FGTS, e ainda terei direito a seguro desemprego”.
           E no comércio, nas relações sociais e às vezes, até nas relações familiares, se não se ouve, é porque foi apenas pensado... “se tiraram vantagem às minhas custas, vou tirar vantagem às custas de alguém, não vou ficar no prejuízo”. 

          Disso tudo, só consigo pensar no que Mahatma Gandhi disse, certa vez: “Olho por olho, e o mundo acabará cego”. Cada vez mais, chego à conclusão de que o Brasil está com as “vistas completamente comprometidas”, irreversivelmente.

(Liliane Maganin)