Sonho utópico de filhos que não fujam à luta
Com
as atuais manifestações me lembrei de um tempo onde o povo foi as ruas e
mostrou que unido pode muito mais. Foi um dos poucos momentos que pude
dizer ter orgulho de ser brasileira, mas que infelizmente, não tem
acontecido com frequência. Infelizmente, porque estamos sendo "filhos
que foge à luta" ao permitir tanta corrupção, tanto descaso, tanta roubalheira por parte de quem deveria estar governado "para o povo e pelo
o povo". Me veio um desejo quase utópico à cabeça: Bem que os
brasileiros podiam aprender a força que têm e buscar os seus direitos.
Bem que podiam aprender a seriedade do voto e escolher bem, e se
percebessem que o que havia sido prometido não estava sendo cumprido,
que novamente pintassem as caras e fossem às ruas. Bem que os
brasileiros poderiam se conscientizar de que as mudanças começam de forma
individual, por não jogar lixo nas ruas, não furar filas, não querer
ser mais esperto e assim ser desonesto.
Bem que isso tudo poderia realmente acontecer!
(Liliane Maganin)
Compartilho com vocês um texto muito conhecido nas escolas mineiras de
ensino médio, mas que infelizmente, poucos ou quase nenhum estudante
percebe o que ele realmente está ensinando.
Carta ao meu filho
Filho, ligo a Tv para assistir ao protesto dos estudantes em passeata
contra a corrupção, a favor da ética na política, e, pasmo, descubro sua
imagem entre os milhares de adolescentes, caminhando e cantando como a
música de Vandré.
Pai, cidadão e ex-estudante, tive súbitas e
sucessivas reações. A primeira foi a de que você estava matando aula. A
segunda é de que exercitava a plenitude democrática, o civismo e a
civilidade. A terceira, um misto de orgulho e remorso.
De orgulho, filho, por vê-lo empunhando a bandeira de uma causa maior, o seu país. De remorso, porque eu não o fiz herdeiro dessa mesma luta, nem do país
que você e sua geração almejam e pelo qual saíram hoje às ruas. Na
juventude de seu rosto, filho, vi revelada a face anônima de jovens
manifestantes do meu tempo. Não o rosto de seu pai . “Eu fui um filho
que fugiu à luta”.
P.S.: Acaba de ser informado pelo colégio que
você, para ir à manifestação, pulou o muro. Não é essa, filho, a melhor
forma de conquistar: pulando muro.
Pior, porém, seria ficar em cima dele.
(De Cleo Medeiros a seu filho Felipe Cleodon, 17, que fugiu da escola para ir à passeata. A carta foi colocada sobre a cama.)
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